quinta-feira, 18 de junho de 2009

É uma meniiiiina!

Com a atenção que só os bons profissionais sabem dispensar, o Dr. Filipe Hage não deixou de me enviar imagens da mais recente ecografia morfológica da menina.



Ao que parece está de plena saúde, a desenvolver-se em plena harmonia de formas, nas medidas esperadas para o percentil médio tabelado, e comprova-se: É uma menina!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Hand Made Boardbag!


A ideia já a tinha há algum tempo, mas ao tropeçar neste trabalho acabei mesmo por cair no ânimo que me faltava para a concretizar.

A minha mulher nem gozou comigo nem nada... diz que me ensina a coser. Pode ser que me safe!

Já tenho o esboço "alinhavado"... agora só o falta "cerzir" - vejam lá aqui ao lado.

Não sei se a escala do tecido das ondas corresponderá aqui à montagem, nem se a espessura será a mais adequada, mas vou improvisando pelo caminho e depois logo vos digo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

My Girl

Ilustração de Vera Costa


Aprendi a surfar numa prancha em 1ª mão, com pintura personalizada e polida. Nove pés com uma longa faixa em tons de azul ‘maldiviano’. Poderia ter sido mais modesto, procurado algo mais indicado para um principiante, mas à luz da tag-line que li algures para uma surf-shop, fui presa fácil para o vendedor: vendem-se sonhos...

No entanto, nem tudo foram hibiscos. Com um investimento inicial destes, todo o cuidado que tinha para manter aquela semente incólume fez com que aprendesse a andar nas ondas sem quedas. Ora, um bom cavaleiro tem de cair no mínimo sete vezes e eu, que não dropava atrasado nem me atirava a close out’s, apenas imaginava a verdadeira força do mar. Pensando bem, sabendo das capacidades do mais poderoso órgão do corpo humano e que é do desconhecido que temos maior medo, ter aprendido a surfar foi quase um acaso. Três anos depois vendi-a por metade do que me custou, sem nunca ter tido arranjos ou necessitando de algum. Julgo ter feito um excelente negócio... mas na perspectiva de comprador. Só que ao valor sentimental daquele foam-para-toda-a-onda começava a sobrepor-se a vontade de novas experiências e, se há coisa a que é mais difícil resistir que àquela última para sair, é a uma nova prancha.

Troquei-a por uma 9’6” clássica, cor-de-verão, que me poupa braçadas na remada para as investir no transporte fora de água. Até me habituar àquele peso todo, a inércia que me permitia apanhar ondas que nem sabiam que o eram, quase me tirava a capacidade de chegar até elas. Apanhava tudo o que mexesse e, com uma quilha de 10,5 polegadas e alguma mestria, isso incluiria robalos. Aperfeiçoei as caminhadas, os nose-rides e os sorrisos de final de surfada, mas como em dias maiores me via e desejava para chegar lá fora, deixei-me novamente seduzir pelo canto das sereias...

Desta vez não tive necessidade de fazer trocas. No meio de conversas de renascença das fish’s e filmes artísticos como o Sprout e o Glass Love, pesquei uma quad 6’0”, bem espessa para tentar não estranhar muito o alternar com o pranchão. Quanto a isso, não há forma: uma coisa é uma coisa, outra coisa... O surf em si é fantástico, mas aquela entrada de onda que até aí vinha experimentando é completamente diferente e andei muito tempo até me habituar a esta nova perspectiva de drop. Talvez aquela questão das quedas não tenha sido bem resolvida. A diferença de tamanhos e os cinco dias entre os fins-de-semana também pareciam não estar a ajudar. ‘Falta-me algo intermédio’, pensei eu. E houve quem me lesse os pensamentos (talvez, aqui e ali, verbalizados).

O meu primeiro Dia do Pai no lado dos congratulados trouxe-me ‘a que faltava’, uma single fin 6’8”, verde-esmeralda. É certo que teve mais dedo da minha mulher, que num tão curto espaço de tempo consegue dar-me primeiro uma ‘obra-prima’ e agora uma ‘pedra preciosa’, mas acho que também conta. Ainda não a experimentei mas, obviamente, só muito dificilmente outra lhe superará o valor sentimental. E mesmo que isso aconteça, tudo acaba por ser relativo. É que, às vezes perdemo-nos em considerações várias que se afastam do que é realmente importante.

Nas ondas, a primeira coisa que vou ensinar ao meu filho serão ‘carreirinhas’ e para isso não é preciso prancha. Já para celebrar convenientemente quando fizer uma ‘até à areia’, a mãe dele parece-me indispensável. Para as minhas é.

((publicado na FreeSurfMagazine nº10, Abril 2009))



PS - para que não fique qualquer dúvida de onde vem este título, entre uma homónima dos Nirvana e por certo muitas outras que eu desconheça, este vem direitinho dos anos sessenta e do estalar de dedos dos The Temptations. No entanto, como o video-clip original tem uns passos de dança meio abixanados e se o Lewis Samuels aceitar o nosso convite também passamos a ser cinco, para não deixar espaço a interpretações dúbias optei por esta cover do Otis Reading, que tem bailarinas e tudo e tudo!


segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Vinho...

… esse doce licor que nem todos apreciam. O elixir que nos adormece as mágoas e nos incentiva a ir mais além. Associo muito o vinho ao fado… esse lamento que nos entranha na alma e nos faz sentir mais lusos. O vinho aquece-nos a alma e desfaz os momentos de introspecção em partilhas diversas…:

- Almocei hoje com alguns amigos da surfada. Juntámos as mesas e bebemos um bom vinho. Contámos longas e divertidas histórias – a grande maioria das quais não passavam óbviamente de sábias mentiras – muitas delas acerca dos bons velhos tempos, dos copos e das ondas partilhadas. Tantos contos e fábulas invariavelmente passados no mesmo areal que nos acarinhou todos estes anos.  

As viagens ao  longínquo e cálido Índico, as passagens pela América Central e do Sul e o alinhavar de novas travessias por esse mundo fora. Tudo apadrinhado pela reserva de 12,00€.

As namoradas que foram rodando pela matilha, as sacanagens com que nos brindámos e os ódios de morte que o tempo soube resolver, os dropinos mais ou menos inofensivos e por demasiadas vezes emoldurados em mazelas de carne e foam… um brinde a todos eles se faz favor.

As recordações, os sonhos e as esperanças de quem sempre viveu as manhãs de nevoeiro agreste do Oeste embrulhado em mantas espessas para logo de seguida enrijar ao sol ardente regado com nortada em abundância. Sangue, suor e lágrimas? Desculpem-me V/Exas a redundância mas vinho, surf e fado se faz favor!!!! 

Baú das Recordações - CICLO DA VIDA



Sou escravo do capitalismo e vivo no ocidente onde essa tal coisa é próspera e está por todo o lado. Surfei muito durante 4 meses mas precisava de dinheiro... estava teso apesar de me sentir bem... todos ao meu redor me diziam... acabas por te fartar. Não deu tempo... Por causa das tosses lá fui a uma entrevista... e aí vai ele pra Chelas 3 dias depois....!

Todas as manhãs saio de casa, ligo o carrinho alugado e ouço a telefonia... 94-Oeste até à Malveira e Orbital enquanto paro nas filas de Lx. Nem penso como estará o mar. Mesmo quando me telefonam a avisar que está bom - algum amigo mais incauto ou dos outros que apenas aparentemente me querem 'bem' - tenho a mente em piloto automático. Sigo calmo e sereno. Ignorando apitadelas e sinais de luzes, alguns chicos espertos e outros quantos azelhas.

Para trás ficaram muitos momentos de pura hipnose como o de cima. Muitas horas de sol, areia e brisas marinhas. Demasiadas horas à espera da maré certa. Imensos km's em busca do pico perfeito e isolado que invariavelmente aparecia dia após dia.

Mas agora ganho dinheiro. Aquele que me suporta os vícios das viagens, dos almoços em bons restaurantes e do gasóleo cada vez mais caro. Já vou poder trocar o quiver se me apetecer. Ou comprar um novo short pró verão que o velho arranha-me o pescoço. Estava até a pensar em instalar um GPS no carro para não me perder na próxima vez que decidir deambular pela costa alentejana perdendo assim o direito a esse prazer que é para mim perder-me...

O tempo esse não pára... os anos de surf entraram em contagem decrescente. O fulgor físico já não é o que era e o frio cada vez se entranha mais depressa e intensamente nos ossos. Entrar à segunda feira no carro rivaliza ferozmente com a contorcionista do Cardinali. As rugas da têz afincaram. As entradas de cabelo começam a deixar de me dar ázo a gozar com os calvos que me circundam...

Estaciono o carro na Obra de 2 milhões de contos que com alguma sorte terá o meu nome gravado numa minúscula placa de mármore ou bronze numa qualquer esquina à mercê de um grafitter mais inspirado. Passo o dia a ouvir berros, telefonemas pouco interessantes e indivíduos stressados com o facto de não estarem a ganhar o tal 'dinheiro' que previam ganhar.

Parece que ando a pairar. Nenhum deles me atinge, nenhum deles me interessa. A gaja que indiferentemente me serve um café. A velhóta que tenta apressadamente atravessar a passadeira à frente do meu veículo da Auto Jardim...

Lembro-me então das ondas... essas que num momento me envolvem e no outro me esmagam contra uma espessa laje. Essas sim... poderosas, imponentes e intemporais. Indomáveis por assim dizer. Tenho esta foto no meu desktop. Passo horas a obesrvá-la. Não porque me ache bonito ou que surfe alguma coisa de jeito... apenas para tentar sacar alguma remeniscência enquanto aguardo que os segundos se sucedam. O que me passava pela cabeça enquanto passava aquelas secções? Pensaria eu no bom que é surfar apesar de teso? No tempo que passei até me conseguir equilibrar na prancha ou posicionar para um tubo? Ou apreciava o barulho e cor do lip que me passava sobre a cabeça? Questionava-me se o meu amigo Maya me iria congelar aquele momento conforme me tinha prometido quando o abandonei na praia de máquina em riste?

Secalhar até estava a pensar que deveria estar a enviar Curriculum's Vitae's pra arranjar trabalho... um que me afastaria das ondas como este.

Em Chelas não as há. Procurei-as nas zonas j, n e m. Nada. Ao pé dos Olivais, das Olaias e junto a Xabrégas. Nada.

Estou definitivamente no sítio errado, brevemente terei que as procurar e desculpem-me desde já os que dropinarei pelo caminho...

Baú das Recordações - O SURFISTA ANÓNIMO E O GRITO DO IPIRANGA



Num qualquer sábado do mês passado, cumpro o ritual de quase todo o Surfista Anónimo:
- fustigo o despertador com uma palmada, enfio-me na surfwear da moda pendurada desde domingo passado, dou 1 beijinho à mulher e aos putos, fato de modelo ultrapassado à tira-colo e prancha debaixo do braço enquanto beberico um iogurte líquido de morango a caminho da praia…
Ficara a famélga a dormir descansadamente enquanto me questiono acerca desta doença que alastra Portugal fora, contaminando a maioria a quem dedico estas linhas… que raio de virose tão parva esta: sair da cama para apanhar frio e umas ondas… eu que até nem percebo nada disto e nem ganho nada com o assunto. Parece que lá ao fundo ouço os meus pais:

‘Já passou dos trinta e ainda não tem juízo nenhum…em vez de por o dinheiro de lado, gasta-o em pranchas… tss tss tss… e esta última então que foram mais de 100 contos ?!?!?! Mas vá, pelo menos anda feliz!’

‘Então pá… e que tal essa semana…?’

‘Olha… a ver se com um surfzinho a esqueço…’

‘E tu…? Que tábua é essa???’

‘Olha… era de um Pró qualquer que não curtiu e venderam-ma barato… pode ser que já venha ensinada…’

‘E que tal está isto…? Parece um cadinho vazio não…? Raio do relógio que não acerta com uma maré…‘

‘Sim… mas lê aí a revistinha deste mês que é mais meia horita e a maré vira.’

A revista vai passando de mão em mão e as fotos são devoradas e criticadas a um ritmo frenético. ‘São sempre os mesmos gajos’… ‘até parece que não há mais ninguém que surfe’... ‘só aparecem é os amigos…’ – são os comentários mais ouvidos entre a plebe.
Impossível de agradar a gregos e troianos penso para comigo. Mas também, quem não gostava de aparecer uma vez que fosse numa revista de surf para poder emoldurar a página para a posteridade…?

Nós os Anónimos, muitas vezes não cabemos no papel de consumidor e queremos extrapolar para o de intérprete. Mas face aos compromissos publicitários inerentes ao meio, há que perceber que uma percentagem do que folheamos não nos diga muito.

A mim parece-me que também temos muita dor de corno – passe a expressão – aliado ao facto de o nosso rumo de vida ter de alguma forma divergido do mar. Uns enfiaram-se em escritórios, outros arranjaram mulheres pouco tolerantes e afectas ao meio marinho e outros preferem não fomentar o vício pois não têm grande jeito pró assunto. E depois aparecem aqueles prós com look bronzeado, cabelo loiro do binómio sal/sol, os anúncios com sereias e fatos último modelo. E depois vimos nós… que ficamos cheios de dores nas costas à noite por causa do surf, que nos babamos para todo e qualquer perfeito recheio de bikini que corra pavaneosamente na praia e que por muito que encolhamos a barriga e enchamos os peitorais não retribui um pequeno e singelo olhar por muito de soslaio que seja… mas verdade seja dita, isto do surf acabam por ser os Anónimos. Cada vez mais esta nossa paixão anda de mãos dadas com capitalismo e materialismo divergindo dos princípios espirituais com que se iniciou. E quem compra somos nós: roupa, pranchas, fatos, revistas, viagens, acessórios e artigos diversos alguns frutos de imaginações prodigiosas. Os tais Prózáços – mas apenas os que padecem de falta de humildade - deveriam entender que são os tais Surfistas Anónimos – espalhados por essas praias fora e que por demasiadas vezes ignoram e desrespeitam - que lhes paga o pão através da entrega de milhares de euros aos seus patrocinadores.

Passou-se a meia hora necessária pró fundo acertar e fazemo-nos à água... por norma, uma em cada cinco ondas corre de feição. As outras quatro não passam de tentativas de algo. Daí alguma relutância em convencer um amigo fotógrafo a um segundo de uma sessão de surf amador. ‘É muita parra e pouca uva’ – ouvi aqui há dias a expressão e bem apropriada se pensarmos que este epílogo ocorre numa altura de vindimas.

Por acaso apareceu o Tó-Zé - editor da Vert Magazine e bodyboarder inveterado – com vontade de sacar umas fotos em meio aquático. Sessãozinha relax entre amigos de longos anos e com um ou dois curiosos à mistura.

‘Vistes aquela minha onda em que….?’, ‘Curtistes aquela minha tentativa de…?’ - ouve-se aqui e acolá por entre bocas assassinas tipo ‘Este gajo é tão aldrabão: tu não pescas nada disso pá…!’ ou ‘Lá estás tu com a mania que és o Slater…’.

Entre rizadas e combinanços pró almoço e prá surfada da tarde, dá-se por terminada a matinal dos Anónimos. O resultado não poderia ser melhor… antes pelo contrário. Mesmo sem o peito inchado do prózão capa de revista que chega à praia e não cumprimenta quem por ali surfa desde a infância. Mesmo sem os autocolantes, sem as babes, sem o fatuxo xpto-hiper-mega-elasticoflex porque o orçamento familiar não estica e mesmo sem jeito nenhum em especial um fato bom ajuda acondimentar a mediocricidade da performance em meios aquíferos. Mesmo sem os apoios da marca A ou B. Qualquer Surfista Anónimo deveria ter o direito de pelo menos uma vez na vida ver um dos seus momentos de glória imortalizado noutro foro que não o da sua própria mente… no contexto partilho com vocês a minha melhor foto tirada por um amigo meu no quintal de casa com viagem patrocinada pelo meu próprio agregado familiar...

terça-feira, 2 de junho de 2009

O mundo salvo por um ramo de limoeiro atravessado pela luz dourada da manhã


Pedro e Gui - Acampados no Meco, foto arquivo pessoal


À Maria,
amiga que ainda vou desconhecendo.



“Doce o mar, perdeu no meu cantar”
Los hermanos – 2 barcos



Tão conveniente me seria se um simples “lindo” chegasse para vos entregar o Mar
– Tão lindo!
desta manhã. Porque sei que não vos consigo entregá-Lo estendendo as minhas mãos em concha sem que por entre os dedos se vá parte.

Tenho a certeza que hoje, pelo menos um momento houve, no quebrar mais vibrante de uma onda, no contra-luz da sua crista a elevar-se em vapor, em que Ele entrou corações adentro em harmoniosa violência emudecendo os olhos de quem O via.

Foi uma manhã que me trouxe de enxurrada imensas recordações,
– Boas Recordações!

Por um instante tive outra vez cinco anos e abraçava a minha avó, sentada, na cozinha da sua casa, sentindo na minha cara (pequena) o calor da mesma luz dourada, que agora, passava através dos ramos do limoeiro, atravessava os vidros toscos da janela e vinha juntar-se a nós, quente, difusa, no seu colo.

Nesta manhã revi também outras manhãs.

E lembrei-me do Pedro, o meu amigo homónimo, que há tanto tempo não vejo.
(O Pedro vivia com o mar nos olhos e também o estava sempre a entregar.)
Regressei à manhã em que o encontrei na praia, bem cedo, quando me preparava para fazer uma matinal num dos primeiros dias de sol e calor de início de Primavera. Vi-o ao longe a entrar na água gelada, apenas de calções, a dar mergulhos e a nadar entre espumas como se fosse um puto. Mesmo àquela distância se reconhecia de imediato, com os cabelos pelos ombros, invariavelmente em desalinho, desgrenhados pelo sol, pela praia, todo ele sorriso, todo ele pernas e braços, compridos, finos, desengonçados ao redor do tronco, com um (o seu) certo ar de tolo.

Foi antes de se tornar monge, na altura ainda estava empregado num escritório de uma grande empresa de software e nessa manhã contou-me que todos os dias antes de ir trabalhar vinha dar um mergulho ao mar.
O meu pensamento imediato
– Imagino que te dê uma energia distinta da dos teus colegas de fato e gravata – rindo-me com a minha própria ideia.
O dele
– Energia distinta? Isto muda-te a vida! – todo ele sorrindo com a sua.
O Pedro era sempre cabal nas afirmações! E tinha uma especial habilidade para me imprimir estas pequenas notas na cabeça deixando-me a remoer com o óbvio. Para ele a beleza podia mudar o mundo e ele extraía-a constantemente de todas as esquinas que dobrava na sua vida, como nos mergulhos daquelas lindas manhãs, transportando e oferecendo-a ao longo dos dias.

Nós que surfamos, que entramos Mar adentro em tantas destas manhãs douradas, lindas, procurando o aconchego de um colo em harmoniosa violência nas suas ondas, deveríamos pensar mais vezes em inverter a tendência de levar as arrelias do trabalho para dentro de água, pensar que deveríamos antes deixá-la emudecer-nos o olhar com a sua beleza, mesmo que assumindo um (o nosso) certo ar de tolo e, quem sabe, ver a vida mudar!

“Temos de mudar o mundo antes que o mundo nos mude a nós.”
Mafalda - Quino

((publicado na FreeSurfMagazine))