sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

My Way

Fotografia de Jacoub Jacher, detalhe de 6.57 p.m


Tive um professor que costumava explicar para além do necessário. Dizia que, estendendo o limite, nos tornava o conhecimento “básico” mais simples…

Tenho seguido com alguma atenção o trajecto do Saca. Fosse na Surf Portugal, no ondas ou noutros sítios que dele falavam, mantive-me a par dos seus altos e baixos. Das poucas vezes que fiquei noite dentro à espera do webcast de um heat, foi por ele, através de quem materializava vários sonhos meus de uma assentada.

A certa altura deixei de ansiar que cumprisse a meta que estipulou. Vê-lo ser Campeão do Mundo era bom mas não essencial. Como na teoria do tal professor, mesmo correr o 'CT já estava além do necessário. Já tinha as viagens à volta do mundo, o viver fazendo o que se gosta, o surf nos sete mares... Soa-me a beleza das coisas simples.

Ficar à porta da festa uma vez, outra e ainda mais uma, tinha algo de trágico mas, se ele realmente dava tudo de si, era apenas a vida acontecendo, a garantia de ascendência lusa. Injustiça como eufemismo à fatalidade de um Povo.

Depois vieram as vitórias em Ribeira, Back to Back, reacendendo a chama. Para logo depois chegar ao Hawaii, com reais hipóteses de classificação… e perder, novamente por uma unha negra. É terra dos Black Trunks, doWolf Pack, de setenta cães a um osso, de choques de nações-titãs. Conjugando estes factores com a subjectividade do julgamento dos juízes, um português chegar ali na corda bamba e cair com o balanço é uma não notícia. A unha, como qualquer ferida, também sara. Fica a lição de vida…

Até que chega o ano perfeito. Correr todo o ‘QS com táctica de Slater nas baterias? Genial! Entrar nos minutos finais com combinação de vantagem não é garantia de vitória mas... Para mostrar que não foi acaso, em Sunset faz uma "resenha do ano em 30 minutos". Não ganhou mas, mais uma vez, o objectivo não é aquele.

Este é um post de congratulação ao Tiago. Algum exagero, mas é apenas uma metáfora para tornar a verdade ainda mais simples. Ele caminha numa praia de arial incólume, esforçado, focado... E, preseverante, está quase lá!

Outros portugueses que o venham a seguir, com a mesma fé na suas próprias capacidades, tem pegadas que indicam o caminho. Semelhanças com seu homónimo de Compostela...

Pois A Voz que clamar este trilho só poderá ser uma.

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