segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Fight-Club



Encontramos-nos frente-a-frente, cara-a-cara, eu, imóvel, fito-o nos olhos da forma mais serena possível. A minha única intenção: acertar-lhe em cheio com o punho que previamente cerrei com a máxima tensão.

Convém não falhar o primeiro gesto, ele ganha-me em compleição física, tem pelo menos mais 20kg que eu. Entretanto ele lembra-se de me começar a ofender e eu não preciso de mais, acerto-lhe em cheio no nariz, mesmo em desequilíbrio levo logo o troco, acerta-me de lado na cara! A adrenalina é tanta que não sinto qualquer dor, atiro-me para cima dele e vamos para o chão em pleno frenesim de pancadaria.

O César já há algum tempo que nos tenta separar e só agora consegue, mete-se no meio e impõe a pausa. Eu digo-lhe ofegante:

-Vamos César, vamos surfar!

E vamos mesmo, vestimos os fatos num minuto, pegamos nas pranchas e saímos de casa, deixando-o para trás de dentes cerrados e nariz a sangrar.

Também eu ainda tremo de raiva, dói-me a cabeça e penso que talvez vá ficar de olho inchado, no entanto sinto-me aliviado, subconscientemente já há muito que lhe desejava ter mandado um par de murros, apenas nunca pensei vir a concretizá-los. Sinto-me um tanto ou quanto animal, desde o meu 5º ano, e já não me lembro eu porquê, que não andava à porrada.

O César, com a brincadeira, acabou por andar aos tombos contra as paredes e tem o braço todo esfacelado, arde-lhe com o sal, a mim, a água fria atenua-me a dor e ainda cheio de adrenalina surfo de forma animalesca!

1 comentário:

Tiago Matias e Maria Patuxa * disse...

E para quem se possa surpreender (negativamente) com esta tua faceta belicosa, venho esclarecer que a esse fulano até eu tinha ido á figura se não lhe conhecesse um gosto particular por bater em raparigas. Foi das poucas circunstâncias da vida em que tive pena de não ser homem, só para ter o prazer de o esmurrar também.
Um fulano verdadeiramente agravating.