terça-feira, 22 de abril de 2008

Sonhar Durante o Fado


No ínicio eram só imagens...

Foi antes de pegar na prancha, por isso, mesmo que inequívoca e magnética, a sua beleza não incendiava sonhos.

Os textos também estavam lá mas faltava-me capacidade para os interpretar. Era como ouvir crianças cantando Fado, sem vida tatuada na alma nem tempo enrugado na pele. You won’t know until you go... Eu fui. E aí, qual Saca em Teahupoo'08, as palavras começaram a recuperar terreno.

Primeiro as crónicas do Gonçalo Cadilhe. Depois, com vários outros (alguns agora à distância de um click ali na linkografia), equilibrei definitivamente a relação pixéis/caracteres. Desde então, quantas vezes não ardeu meu pensamento no meio de toda aquela água...

Na conclusão deste texto, Seu Júlio Adler (outro dos meus pirómanos literários) salienta que uma das características do surf é a sua facilidade metafórica. Com a humildade de leitor/admirador, concordo plenamente. Em alguns momentos da 'vida real' vejo reflexos de surf tão nitidamente que quase sinto o spray num dia de offshore! E sei que bandeiras desfraldadas como as que vejo da janela do escritório atormentam muitos outros.

Sabendo que a minha mente trabalha por caminhos muito misteriosos, ver no Oh brother where art thou? dos irmãos Coen um trecho com algumas similaridades a tudo isto que acabam de ler pode não ser fácil.

Se assim for, mais que não seja, fica a música. After all, it soothes even the savage beast...




2 comentários:

k. disse...

Eu tenho que confessar que às vezes preciso ler e reler as coisas que tu escreves, pois não é logo que consigo 'atingir'.

Mas desta vez existe algo que me 'salta' logo, assim que leio este post, esta frase
...’ uma das características do surf é a sua facilidade metafórica...’, e fico-me por aqui na primeira leitura que faço.

Ainda agora cheguei ao surf, é para mim uma realidade que ainda tem muito por descobrir, mas para mim, cada vez que ‘ falho’ um drop de uma onda, é como se faltasse a coragem para dar mais um paço no meu dia a dia.

Obrigada, pela reflexão.

Fica bem.

Jorge Pinto disse...

Se atingiste essa parte, 'don't shoot the mensenger'. Vai antes ao blog do Júlio e agradece-lhe. É dele a luz que aqui reflicto.