Depois de 10 dias de surf ininterruptos, a vida torna-se mais simples.
Apanhei todo o tipo de condições de mar e de vento, de sol e de chuva, até de crowd. A fish continua a ter muitas espinhas, o longboard a ser um "fiel amigo".
À medida que os dias se iam sucedendo, que vestia de novo o fato, que remava de novo para fora, que voltava de novo para casa, crescia em mim uma melodia, daquelas milenares que correm dentro das gentes e não se cantam, sorriem-se...
Soube da existência delas conjugando A Pérola de John Steinbeck com a 9ª Sinfonia de Beethoven: não precisamos ouvir para descobrir música, temos apenas de a procurar.
Neste caso a lírica era fácil de memorizar...
Fotografia de Ricardo Bravo
"faz-me falta um verso
onde o mar não termine
deus sobre as rochas"
Jorge Reis-Sá, A Palavra no Cimo das Águas
5 comentários:
Realmente torna-se mais simples, e tu soubesses passar esse sentimento também de maneira simples e perfeita, na minha opinião. Esse sentimento é forte e a maioria dos que podem surfar todo dia, não chegam a desfrutá-lo. Para os que não podem fazer o surf diário, quando chega a oportunidade de fechar uma sequência de pelo menos 10 dias, pode ocorrer o momento mágico, como este teu.
Abraço,
Gustavo
Gustavo, obrigado pela visita!
Sabe, acho que em quase todas as áreas, aqueles que têm tudo por adquirido lhe dão menor valor. Mas no surf, mesmo aqueles que não têm o sal da espera para contrapôr ao doce do reencontro, têm sempre o do mar para condimentar o surf do dia-a-dia. Decerto que também eles terão seus momentos mágicos, com ou sem palavras.
Ao reler o post depois de ler o seu comentário, a sequência '...de novo...' me lembrou imediatamente do seu Fazendo Isso. Ainda assim não me parece plágio, antes a confirmação de que, numa ordem de ideias de 'sermos a soma das nossas experiências', tudo o que eventualmente venhamos a escrever sobre o mar, tem algo destas linhas que o Ricardo Bravo fotografou.
Abraço e boas ondas!
"A pérola". Esse grande livro, do também grande John Steinbeck. Ao menos alguém que tenha tempo para poder ir "vagueando" nessas ondas à procura desses momentos mágicos. Infelizmente surf é coisa que não tenho feito, com a acumulação de trabalho da tese para finalizar e entregar. Ao menos depois disto ficarei livre ... ou não, mas espero pelo menos ter mais tempo para voltar a sentir essa magia ...
Abraço,
Daniel
De maneira alguma parece plágio, Jorge, e, sim, exatamente a confirmação de sua afirmação sobre o que venhamos a escrever sobre nossas experiências no mar.
Boas ondas sempre,
Gustavo
Daniel, boa sorte nessa recta final! Se não for antes, no meio de entrevistas de emprego de certo que arranjarás tempo para matar as saudades.
E se elas apertarem muito, mesmo com todo o trabalho que tenhas em mãos, porque não, num passo de magia, tirares uma preciosa manhã para ganhares força para este último esforço?
Abraço, boas ondas e boa sorte!
Gustavo, concordo plenamente e fico à espera, feito leitor assíduo, de mais das suas!
Abraço e boas ondas
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