terça-feira, 7 de outubro de 2008

As-Salaam-Alaikum


Fotografia de Farid A. Abdi akaReedfa

Quando andava ali entre os últimos anos da Secundária e os primeiros da Faculdade havia uma facilidade notável em nos atirarmos de cabeça para qualquer desafio lançado. Se as ideias fossem suficientemente apetecíveis, pouco importava a extravagância ou as consequências que elas teriam, nós tentávamos realizá-las.

Depois, com o natural tomar de responsabilidades que a vida impõe, grande parte dessa espontaneidade deixa de ter espaço para existir, pelo menos de forma tão solta.

Agora já meço consequências, mas continuo a achar que as boas ideias são para realizar, mesmo que servidas com uma boa dose de bizarria e extravagância.

No mês passado, já não sei porquê, telefonei ao Luís e ele já tinha decidido:

- "Vou a Marrocos em Outubro, queres vir?"

- "E como é que estás a pensar ir, para que sítios, em que datas?... Essas coisas."

- "É pá, não sei, mas depois de acabar os exames vou. Ainda não sei como e as datas é a combinar, a ideia é ir para lá e surfar."

A coisa pareceu-me bem pensada!

Mas eu tinha acabado de vir de férias, estava quase falido, o meu puto T tinha acabado de entrar para a pré e iniciávamos novas rotinas, teria de deixar todo o meu trabalho novamente a braços com o meu colega e todas as responsabilidades familiares com a minha Ana.

Vá se lá saber porquê a ideia não me saiu da cabeça, fiz o que tinha a fazer, impingi-a também à do Pinto.

Ele por mil e uma razões também não poderia ir. Mas sempre que falávamos, falávamos de Marrocos.

E, entretanto, veio-me o dinheiro do IRS, o meu puto T entrou para a pré de forma serena e tranquila, o meu colega continua a ser o melhor sócio que se pode ter e a minha Ana a mais compreensiva e querida das mulheres - deixou-me ir! (Ana hedbuki)

O Pinto, também ele acometido pela maior das vontades em concretizar a viagem, lançou finalmente um desesperado, mas valente e viril: "RADI NKUL TAJINE", que mais tarde percebeu ser apenas um "Amanhã comerei Tajine", mas aquilo fez lá eco em casa e atingiu a sensibilidade da sua mais-que-tudo, tanto que, sendo ela a segunda mais compreensiva e querida das mulheres (aqui o Pinto até pode discordar que eu deixo) fez-lhe um cuscuz e também o deixou seguir caminho.

Como o Luís é um gajo descontraído o suficiente para deixar a organização da coisa para o dia anterior à partida, nós decidimos a data da viagem por ele e assim, ao menos, ele saberá quando é a véspera. Partimos no próximo Domingo e também já sabemos que será para a zona de Agadir que é onde partem as melhores ondas.

À comitiva junta-se também o experiente e intrépido viajante, Rudolfo Valente, que lá nos incutiu algum juízo e nos fez marcar com antecedêcia o local da estadia ("com antecedência", leia-se, 5 dias antes de partirmos).

A história da nossa partida está praticamente toda contada e, pelo sim pelo não, também memorizada, porque caso sejamos vítimas de algum saque de proporções marroquinas, sempre há em Marraquexe uma praça onde pagam bem aos contadores de histórias!

As-Salaam-Alaikum

1 comentário:

Anónimo disse...

Espero bem que não demorem a colocar o relato das vossas aventuras, ramblin'men!