quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Saint Tropez

Na segunda fizemos gazeta e rumámos ao nosso luso "Saint Tropez", sequência da Photo-Master Ana Nunes!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ceci n’est pas une Speed Dialer


O mais provável é que o pintor René Magritte nunca tenha surfado. Suponho que em inícios do século passado, na Bélgica, de onde era oriundo, nunca lhe tenham chegado se quer, referências ao nosso desporto.

Imagino que fosse dado a outro tipo de prazeres, a coisas simples, como por exemplo a fumar o seu cachimbo ou a trincar uma bela duma maçã, de facto, foi nesses elementos que ele pegou quando concretizou os célebres quadros “A traição das imagens” ou “Isto não é uma maçã”, em que, pintados a rigor realista, apareciam respectivamente um cachimbo e uma maçã com as respectivas frases: “Ceci n’est pas une pipe” e “Ceci n’est pas une pomme”.

A ideia do surrealista René, era que uma imagem de um objecto não é o próprio objecto: “Os que acham que é um cachimbo, tentem fumar nele ou nele pôr tabaco.”, dizia!

O plágio que cometi à ideia do pintor, tem exactamente o mesmo propósito, afirmar que uma prancha Speed Dialer está muito para além da sua imagem, ou das suas fotografias e que ela tem de ser experimentada na realidade para a percebermos ou vivenciarmos em pleno.

Pedi ao Nuno Cortiço, apaixonado por este tipo de templates, fervoroso adepto das fish e autor de um dos blogs mais activos no que diz respeito ao conceito - Fish Brotherhood – para me escrever umas linhas acerca deste tipo de prancha e nos passar uma noção mais sólida e na primeira pessoa do que é então uma Fish Speed Dialer.

É claro que ele se entusiasmou, o que resultou no brilhante texto que vos deixo:

“Acho simpático começar por uma pequena introdução histórica. A Speed Dialer teve origem na Fish Twin Keel, criada no inicio da década de 70 por Steve Lis. Em meados da década de 80, Rich Pavel, influenciado por Lis e empenhado em desenvolver o design, teve o "click" de dividir o fin Keel em dois, mantendo a mesma área, mas permitindo que a pressão da água seja libertada entre fins, aumentando o controlo e a manobrabilidade e reduzindo o raio de curva drasticamente sem prejudicar a velocidade do template.

Em 30 anos o design evoluiu dando origem a várias estirpes de fish, levadas a cabo por discípulos e apaixonados pelo design criando novas interpretações. A Double Wing/Bump Quad Fish ou Speed Dialer, é, para mim, "A Prancha". Qualquer comparação entre este design e uma prancha Clássica é puro equívoco. Pois trata-se de uma prancha apurada ao mais alto nível.

O shaper que fez a minha primeira fish elucidou-me acerca do design, define estas pranchas como um "desing Integrado", tudo trabalha em conjunto, rocker, rails, bottom, colocação de wings, posicionamento de fins estão articulados numa relação geométrica de modo a maximizar a velocidade, controlo, fluxo de água e manobrabilidade sem compromissos.

Antes que me perca durante o meu discurso, (risos), existem dois aspectos importantes que gostava de focar. O primeiro, é a maneira como o design muda a aproximação ao surf e à onda. Noto a tendência para uma abordagem mais fluida, surfar com a onda procurando o caminho de menor resistência, ou onde se encontra mais energia.

A prancha parece ter uma apetência para linhas altas e arcos de curva mais elegantes e eficientes devido à facilidade em gerar velocidade e poder trasnportá-la em curva, o que me deixa extasiado. O facto de não sentir a necessidade de ter que imprimir velocidade para prosseguir despertou-me os sentidos para um novo leque de detalhes dinâmicos da onda e do papel do corpo antes inacessíveis dadas as minhas limitações no equipamento e na habilidade.

O segundo é a áurea cultural que inegavelmente rodeia o design, abre portas para uma subcultura do surf a todos os que se deixam fascinar. É sem dúvida um design de culto que tem inspirado gerações ao longo de décadas. Deveria pegar-se num exemplar e expô-lo no MOMA ao lado do Mini, VW Carocha, Clips de folhas, entres outros ícones do design funcional e objectos de culto (risos). Penso que não existe par na história do design no Surf.

Em termos de experiência pessoal, a sintonia deu-se logo no primeiro contacto. Ainda tenho bem frescas as memórias desse dia. Quando me recordo, a necessidade de me meter na água é novamente imediata. Para acrescentar mais uns dados à equação, tenho 33 anos cerca de 73kg, e surfo desde os 17, o meu "background" era a tri-fin. Sinceramente considero-me o eterno "Average Guy" nos poucos dias que estou inspirado. A prancha em questão é uma 5’11’’x20 ¼’’x 2 ¼’’ Quad Fish. Metro e meio, glass, beach break a terminar numa junção já perto da areia.

A primeira sensação veio logo com a remada da tábua. Apesar de pequena e afiada nas mãos notei que escondia algum volume, e acreditando no ditado popular "Foam é nosso amigo", fiquei bastante satisfeito. A primeira tentativa de apanhar uma onda foi bem sucedida velocidade logo à saída foi algo de fenomenal.

Depois de ter descoberto como fazer o famoso "Dialing" o gozo era tanto que me esquecia constantemente de sair da onda. Fiquei sentado na areia a rir à gargalhada por várias vezes, tal não era o stoke. A brincadeira foi-se repetindo, contornando secções outrora inultrapassáveis, fazer metros de quebra coco, etc.

O momento que fez o meu dia foi numa das remadas de volta ao pico, um surfista com os seus 50 anos mete conversa comigo. Passo a relatar em Inglês, tem mais piada:

Surfista: "Hey man! Nice wave! You did a nice move on that one!!”
Nuno: "Who me?!! Really" - disse eu olhando para os lados para me certificar se ele estava mesmo a falar para mim.
Surfista: “Where did you learn surfing? -You have a nice style.”
Nuno: "Believe me, this’s just the board!!" - na mais honesta das respostas.
Surfista: "What are you riding dude?"
Nuno: "It's a double wing quad fish... You want to try it?" - disse eu todo inchado, trocámos de ferramenta e lá foi ele, quando me devolveu a tábua virou-a na água, passou as mãos pelo bottom e disse.
Surfista: "Man, you're riding a piece of Art, this board is incredible, congratulations! Can I get another wave?..."

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

“Does God Play Dice?”


“Does God Play Dice?”
Ian Stewart


A sabedoria popular costuma ditar que a sorte ao jogo se relaciona de forma inversa com a sorte aos amores.

Atendendo que o povo, nestas coisas, é sapiente, não me vou queixando do meu azar ao primeiro, antes me mantenho optimista e espero, em consequência, sorte ao segundo. Digamos que, a medo, não partilho da fervorosa esperança predominante de ganhar o 1º prémio no Euromilhões. (poderia ser o 2º, por certo, de consequências menos danosas.)

Assumindo que é positiva a resposta à pergunta que ali em cima citei, então é muito bem possível que Ele, esta semana, tenha jogado para mim e os dados tenham sido favoráveis, é que finalmente recebi a minha prancha nova e sinto-me como se tivesse ganho a sorte grande!

Será portanto de esperar que nos próximos tempos não me cale com a novidade, e o mais certo é vir aqui partilhar o stoke nas mais diversas considerações e relatos da minha experiência a dois, leia-se ‘eu e a prancha’. É que, relativamente a amores, vou esperar que tudo se mantenha sem grandes percalços.

Ou melhor, consciente que pode ser pedir muito, deslizando a quatro…