terça-feira, 27 de maio de 2008

Wo Hu Cang Long




Estive para deixar passar Maio sem escrever por, no que toca a ondas, lhe ter visto pouca virtude...

Voltei para casa, quase sempre soprado por ventos, adversos, soando a suspiros, desabafos. A perfeição também cansa e, segundo rezam as crónicas, foi um Inverno perfeito.

Tentei preencher esse tempo com o Método Miyagi de wax on, wax off (ou vice versa, para ser mais exacto) e um ou outro filme, mas a combinação olfactiva e visual dos dois teve um efeito contrário ao pretendido, inquietando-me.

O mandarim do título remete para um felino agachado, pressentindo perigo, e um dragão escondido, aguardando. E tem aqui tanto de prepotência como de delírio...


___"[...]
___I must go down to the seas again,

___________to the vagrant gypsy life,
___To the gull's way and the whale's way

___________where the wind's like a whetted knife;
___And all I ask is a merry yarn

___________from a laughing fellow-rover
___And quiet sleep and a sweet dream

___________when the long trick's over."
___John Masefield, Sea-Fever


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Carneirinhos contemplativos em terreno baldio com vista para o Mar


Edward Hopper, "Rooms by the sea"

"Há aquelas noites em que nos deitamos e que mesmo cheios de sono não conseguimos dormir.

Sabes como é, não é?

Por vezes parece que o frenesim insiste em nos acompanhar, ou que a inquietude se instala, ou ainda que somos invadidos por todos os pensamentos do mundo de uma só vez.

Nessas noites, mais do que à contagem de carneirinhos a pular a cerca, costumo recorrer às maiores ondas que já surfei... e volto a dropá-las.

Sabes? Adoro mesmo aquela sensação de olhar para baixo e, convicto, seguir caminho!

Nessas minhas fantasias tenho ainda a mais-valia de tudo suceder em câmara lenta, dando espaço para um deleite infinito e absoluto desses, que costumam ser apenas, breves instantes.

Acho que, ao fim ao cabo, o que vou buscar neste exercício nocturno é aquela confiança de que fazemos uso para um drope bem sucedido, a mesma que nos faz acreditar, nos momentos que o precedem, na nossa capacidade para o realizarmos.

E isso é arma quanto baste para me fazer vencer qualquer dos eventuais problemas que se queiram vir deitar comigo!

Por isso, Vera, parece-me que fizeste bem em registar devidamente essas tuas primeiras experiências 'surfísticas'... de momento podem ser apenas uma recordação agradável, mas quem sabe se não te poderão um dia valer numa noite de insónia!

*
Pedro"

Em resposta ao Post da Vera no seu espaço Índigo, com a devida edição que se impunha, dada a hora a que foi feita.