sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Onda Balinesa - Encontrei-te



No contexto do pensamento do Pinto, este texto data de 2007 e foi dos únicos que redigi em pleno areal… perdoem-me a falta de modéstia mas para primogénito não ficou mal…portanto, se fazem surf e a Indonésia vos suscita curiosidade:


"Encontrei-te”


Começava até a perder a esperança de te conhecer,

Mas passadas q estão duas semanas dançámos os 2...

Quando cheguei ao pico apenas 5 pessoas te esperavam,

Mantive-me um pouco afastado e curti com uma mana tua,

Regressei feliz como só um Surfista sabe ser e parei mais sobre a bancada q os demais...

Eis q nem 5 minutos volvidos desatam todos a remar rumo ao horizonte,

Lá vinhas tu,

Remei com calma na tua direcção e passaste já de pé pelos q te tentaram alcançar,

Virei-te as costas e remei furiosamente para não te deixar escapar virgem e imaculada,

Passei rapidamente os pés para o deck e o offshore ergueu-te ainda mais,

Do alto dos teus 3 metros senti a imensidão do mundo e tornei-me pequeno,

Uma vertigem correu-me no estômago e as pernas tremeram-me enquanto mergulhei no teu dorso,

Eras curvilínea e esbelta como só uma onda balinesa o consegue ser,

Encetámos então a nossa dança, Rápida, perigosa e excitante,

A adrenalina percorre-me o corpo em cada linha q te traço,

Um minuto torna-se uma eternidade,

O tempo congela e amamo-nos mutuamente,

O vento seca-nos a face e algures a meio caminho sinto pânico,

Quase horror,

Poderia classificar de respeito mas foi mesmo medo,

Impossível ignorar o coral q pisas,

Tenho fracções de segundo para uma decisão vital e resolvo aceder-te,

Deixo q me cubras com o teu espesso manto e deslizo pelas tuas entranhas,

Ouço o teu respirar ofegante enquanto procuro uma saída,

Nas sucessivas bancadas que sobrevoamos vão aparecendo outros que nos saúdam eufóricos de alegria,

Outros olham de soslaio transparecendo a mais podre das invejas,

Desejam a nossa morte, um descuido, uma desatenção q cause o desastre,

Seguimos os dois, tu e eu,

A prancha permanece serena sob os meus pés quando alcanço novamente a luz do dia,

Desenho novas linhas tornando a velocidade vertiginósa como jamais o tinha feito,

A cada bottom, a cada mudar de rail sinto o teu roncar estilhaçando vida a nossos pés,

Chegamos então ao fim da nossa dança,

Do nosso tão aguardado e adiado bailado,

Pedes-me para te abandonar pois não podes fugir ao teu destino,

O mesmo q propôs q nos conhecêssemos,

Largo-te inundado de felicidade enquanto te desvaneces pouco + à frente abraçando o coral,

Sinto-me outro,

Alguém rejuvenescido,

Percorri meio mundo para me encontrar contigo,

E desesperava já por este nosso fugaz encontro, Um misto de receio e paixão,

De risco, paz e aventura... alguma infidelidade até...

Agora volto para casa,

Para aqueles q tudo são para mim,

Aqueles de quem abdiquei para vir ter contigo,

Para quem regresso agora + completo pois carrego-te comigo,

Gravada com curvas e rasgadas na minha mente...

Foi bom ter-te conhecido,

A única e inigualável Onda Balinesa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sabia que tinha um amigo poeta... mas gostei de saber. ;)
Beijinho grande