quarta-feira, 27 de maio de 2009

Coisas da Vida, Eu Sei Lá



Que me desculpe a Margarida algum ténue plágio no que ao título diz respeito mas um gajo às vezes nem sabe… o que escrever, com quem estar, se vá ou se fique, se surfe ou se fique a seco…

Julgo que por alguma falta de salinidade nas minhas correntezas intravenosas. Há também o stress causado por alguma análise de temas tipo situação política, económica e social. Vezes há em que me parece estar tudo parvo: as pessoas ou andam aluadas e apáticas ou à beira de um ataque de nervos bem encastrado numa dose maciça de esquizofrenia.

O meu filho estava a ter uma aulita de surf – ou seja, dois monitores impediam que várias crianças se afogassem e tudo faziam por garantir uma valente carreirinha em direcção ao areal – e outros que não mais que demasiados surfavam em ondas que não lembravam a nada: as pranchas não andavam e a uns bons 50 metros, uma espécie de professor leccionava uma outra aula desde a areia.

Uma senhora desesperava ao colo com um caniche anão profundamente irritante enquanto o imponente boxer da amostra tutorial tudo fazia pela canzana da semana. Levantei-me e vagarosamente fui ter com o dono do dito cujo e leccionante que reconheci, e simultaneamente me instigou o raciocínio: ‘Estranho mundo este o dos professores que não sabem surfar e dos alunos que não sentem o surf’ – indaguei para comigo. Pedi-lhe educadamente para prender o cão e se ao princípio a vontade não era muita, passados breves instantes e já menos civilizadamente lá o demovi.

Os pretendentes a prózinhos pulavam à frente da espuma e os assobios permanentes do companheiro do boxer quebravam-me qualquer tipo de hipotético momento zen ou de introspecção suposto de ter lugar numa manhã solarenga passada à beira mar enquanto o meu melhor amigo se divertia à gargalhada em cima do softboard alugado a peso de ouro.

Talvez por tudo isto e por não ter surfado… fiquei chateado. Tanto que fiquei a matutar na melhor forma de me vingar de todos eles: o boxer e o caniche, a velhota e o personal trainer, todos os alunos surfistas e talvez de algum sargo ou robalo que por ali deambulasse…
Aguardei pacientemente e 72h depois fugi. Saí pé ante pé do meu local de trabalho escandalosamente antes da hora do almoço – pareceu-me até que na do café da manhã – e fiz-me à estrada. Meia hora depois aí estava o cenário pelo qual ansiava: mar liso, maré perfeita, linhas curvilíneas, tamanho ideal e ninguém na água ou nas redondezas. Surfei bem - apesar da fustigação de algumas mazelas dos ouriços perdurarem - e saí de sorriso rasgado e as falésias são minhas testemunhas... Fiz-me a elas e sei lá se foi o retomar do meu momento zen. Sei lá se fiz mal e deveria era estar a trabalhar. Sei lá se fiz bem em ter surfado e por tal facto agora conseguir estar a partilhar contigo o meu momento de egoísmo… eu sei lá.

1 comentário:

Magic Moments disse...

Oxalá, que todos venhamos a ter plena consciência dos nossos mais sublimes sentimentos e de suas acções e/ou reacções!
O escutar o silêncio ajuda-nos a encontramo-nos; O que parece ser cada vez mais dificil neste mundo também ruidosamente cada vez mais poluído.
Mas a natureza tem dessas coisas a seguir à bonança vem a tempestade, ou será ao contário... Oxalá, EuSeiLá... :)